quinta-feira, 10 de julho de 2008

A mulher alérgica


A mulher alérgica é incompreendida. Aliás, só tem uma pessoa que compreende a mulher alérgica: outra mulher alérgica. As mulheres alérgicas deveriam organizar uma associação para defender seus interesses na sociedade. A Associação das Mulheres Alérgicas e Incompreendidas, a AMAI. A primeira medida da associação poderia ser a criação de um manual que ensinasse aos não-alérgicos a conviver conosco. Sugestão para o primeiro capítulo: NUNCA DIGA A UM ALÉRGICO QUE O PROBLEMA DELE É EMOCIONAL! É isso mesmo! Você está lá com o nariz mais vermelho do que o do palhaço do circo, mais inchado do que a barriga do Ronaldo Fenômeno, e tem sempre uma mala que diz que a alergia é emocional, que o problema está na cabeça, entre outras barbaridades. Lembro de uma vez que fui a uma festa e o anfitrião tinha um gato, por quem tive uma imediata antipatia. O primeiro pêlo que o bichano soltou foi o suficiente para o meu rosto ficar mais deformado do que a cara de um lutador de boxe nocauteado no meio do ringue. O início da crise, aliás, é um momento de extrema irritação, irritação dupla. Além do incômodo próprio da alergia, todo mundo tem uma receita para ajudar: lavar o rosto com água fria, cheirar uma cebola, beber água...e por aí vai. Depois das receitas, surgem também os diagnósticos, é claro. No dia do gato na festinha, ouvi de uma convidada que a alergia era uma doença psicossomática, que era só eu pensar em outra coisa que passava. Fácil, não? Fiquei me perguntando por que ninguém disse isso antes, assim eu teria poupado muito dinheiro com as caixas e mais caixas de CLARITIN-POLARAMINIE-CETIRIZINA-TALERC(D)-SINGULAIR-RUPAFIN-NASONEX-BUSONID e outros tantos que não recordo nesse momento. Agora, o que mais irrita é namorado insensível, que acha que é tudo-frescura-de-mulherzinha. Esse é um capítulo do manual da AMAI que merece uma atenção especial, inclusive com dicas e sugestões de como os respectivos devem se comportar nessas delicadas horas. Nada de piadinhas, caras de enfado, nem descrença. Ah, e se vier com bicho de pelúcia no dia dos namorados merece ouvir um sonoro: perdeu playboy!

7 comentários:

Surfista disse...

O que mais me impressiona é como todo mundo vira médico nessas horas - e em outras também. Dizem que todo brasileiro também é técnicno de futebol. Eu discordo. Eu acho que todo brasileiro tem uma pretensão a clínico geral.

PS. Ah, POLARAMINIE é fogo! Vira e mexe eu tenho que contar com ele.

Bárbara Pereira disse...

Sua observação é perfeita, Surfista. Que técnico de futebol que nada! Todo mundo tem um quê de clínico geral e, ao mesmo tempo, de especialista numa determinada área. Eu conheço um monte de alergista!

Ah, Polaraminie dá muito sono! Estou na fase dos novos medicamentos. Conhece ALEGRA? É a minha alegria de vez em quando. Desculpe o trocadilho.

Naila Oliveira disse...

Nossa, me identifiquei horrores. E consigo até pensar em algumas opções para os comentários irritantes... Bjs

Bárbara Pereira disse...

Kika,

sei que você me entende. Passamos por alguns momentos de alergia coletiva, né mesmo? Bem, estou louca para ver suas contribuições para o manual da AMAI.

beijos,

isabella saes disse...

Esse texto merece um prêmio!!! É por isso que te indiquei ao "This Blog Makes me Thing". AMEI!!! Não pertenço à AMAI, mas compreendo totalmente as alérgicas e alérgicos tb!! Beijos.

Surfista disse...

ALEGRA é melhor? Opa, bom saber!

Trocadilho infame desculpado. Eu quase fiz outro agora, mas pisei no freio...

Aninha disse...

TOTALMENTE DE ACORDO!!!
Como faço para me tornar sócia do AMAI ?