Verinha adorava tomar uma bebidinha com as amigas pra falar mal dos outros, desancar o pessoal do trabalho e, de quebra, das amigas que não estavam lá. Os últimos encontros vinham acontecendo ao redor de uma garrafa de espumante, pra ficar mais chique, é claro. Afinal, mulher com o ensino superior completo e uma pós-graduação lato sensu não quer ser apenas inteligente, quer algo mais: quer parecer chique diante das outras. Tinha ainda um agravante: Verinha ouviu um monte de vezes que espumante era coisa de “mulherzinha”. Aí é que ela queria mesmo! Embora negasse de pés juntos, Verinha a-do-ra-va o rótulo.
Numa sexta-feira, depois do trabalho, partiu para o encontro de praxe. Taça na mão, na mesa um porção de amêndoas com passas – sim, amêndoas porque amendoim é coisa de boteco – e os assuntos de sempre: a última bola fora do marido, a amiga que não desencalha, o amigo do marido que só pensa em mulheres mais jovens, a outra amiga que não desencalha, a chefe que todo mundo acredita ser insatisfeita sexualmente. Enfim, a noite que toda mulher vez ou outra pede a Deus, a noite do desabafo! Aquela em que ela pode ficar bêbada, comer porcarias, rir alto, falar a pior das canalhices e não vai ter nenhum macho pra reprimir.
Totalmente alta, Verinha decide ir pra casa. Ao entrar no quarto, encontra a luz do abajur acesa e o marido sentado na cama tentando ler alguma coisa. Tentando, porque, na verdade, ele queria mesmo era esmurrar Verinha e a sua cara cheia de álcool. Mas Verinha não passou recibo (era uma mulher inteligente, ora bolas) e puxou da cartola a brilhante pensata que encerraria a noite:
“Querido, você não deveria ficar chateado. Na verdade, você deveria ficar muito feliz. Sim, porque voltar pra casa é um sinal de amor.”
Depois dessa noite, Verinha tropeçou várias vezes no fio do abajur apagado.
13 comentários:
Ela passou a encontrar o abajur apagado porque seu marido começou a chegar em casa mais tarde do que ela. E, ao abrir a porta do quarto, diante do menor sintoma de resmungo da mulher, passou a balbuciar um mantra torto que misturava palavras como "voltar", "casa", "amor" e, claro, "não enche".
Menina, não é que tive um dia de Verinha ontem? A única diferença é que o maridão estava por perto e me salvou de uma noite ainda pior do que tive... Passei tão mal... Coisa de Verinha amadora... Não posso ouvir falar em espumante por um bom tempo. Hahaha!!!
Belíssima,
beber espumante realmente exige uma certa experiência....rs
A dica é muuuuuita água entre uma taça e outra. No dia seguinte a sua cabeça não vai parecer uma bateria de escola de samba atravessada, nem o seu estômago vai fazer vc conversar com um tal de Raul.
beijos e fica bem!
Maridos salvam, como bem notou a Isabella...
Rs...Cálega, tem que lançar o "Manual da Verinha"...rs...ia vender rios de dinheiro e você ia deixar aquele estranho idioma que nós tão bem conhecemos definitivamente para trás!
Sério: nasce um best-seller pra Mirandão nenhum botar defeito!!!rs
Bj e cof, cof, cof!!!rs
Cálega,
vou conversar com a Verinha e ver o que ela acha sobre a idéia do manual. Tenho a impressão de que ela vai gostar...rs
Beijo e fica bem também que semana que vem eu tô fora, hein!
Rs...muito bom saber que a gente tem cálegas tão preocupados com nossa saúde...rs!
Bj!
Nossa, saudade do champanhe no Ovelha e da companhia. BJs
Kika,
vc assim vc revela a verdadeira identidade de Verinha...rs
beijos e saudades de vc e das nossas bolhas!!!
Kika,
corrigindo:
assim vc revela...
viu? é o efeito das bolhas...rs
O marido de Verinha foi extremamente cortês. Não impregnou no celular, não solicitou maiores explicações e nem sequer esbofeteou a patroa. Foi um homem ímpar... provalmente, mais boêmio depois do episódio.
Surfista,
e põe boêmio nisso!
Viu que coloquei seu blog nos eleitos da madame?
Sou leitora assídua. Parabéns!
Puxa! Obrigado!
Eu também estou sempre por aqui.
PS. E olha que tudo começou com um esporro homérico no HTP!!! Veja você como uma crítica positiva surte efeitos bacanas.
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