quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Crianças super sinceras

Almoço hoje na Chaika do Rio Sul. Dois meninos, gêmeos, sentam ao meu lado com a mãe e a avó. Um era tagarela que só ele, o outro um pouco mais calado. Enquanto um se acabava de falar, o outro interrompe a conversa dos adultos com a seguinte frase:
- Eu quero falar!
Prontamente a mãe dá a voz ao pequeno rebelde:
- Ô gente, essa é a última vez que eu levo esse tal de aliança de casamento!
O irmão estava atracado num prato de batata frita e nem aí com a história, mas cinco minutos depois ele passa a régua com a sua voz potente:
- Ai, ai. Como é bom esse negócio de Ketchup!
O silêncio do restaurante deu lugar a uma risadaria geral.

Os bichos e eu

Tenho amigos tão amigos que costumam dizer na minha lata que sou sem poesia porque não tenho o hábito de me emocionar com qualquer coisa. Com os bichos, por exemplo. Mas a história que vou contar agora desmente essa acusação cruel. Às vésperas do natal deste ano minha melhor amiga me deu uma missão que só amigo é capaz de realizar: cuidar do seu pequeno peixe, enquanto ela estivesse fora visitando a família. Confesso que não fiquei contente com a tarefa, afinal alimentar peixe não tem nenhuma graça. Mas o que não fazemos pelos amigos? E lá fui eu no primeiro dia jogar 6 minúsculas bolinhas para um peixe beta. Ao chegar, o primeiro susto. O danado resolveu ficar no fundo do aquário se fingindo de morto. Será que ele achou que era ladrão? Joguei as 6 bolinhas e nada! E assim foram todos os outros dias. Um susto atrás do outro. Sem contar o medo de errar na quantidade de bolinhas e ele acabar explodindo de tanto comer. Se aquele peixe morresse minha fama de pessoa má estaria confirmada. Além do mais, seria motivo de choro para o meu pequeno afilhado. Cheguei até a sonhar com o danado do Nemo, esse é o nome do ator. Hoje minha amiga voltou e me ligou dizendo que o peixe nadava como o Cesar Cielo na porcaria do aquário. Fiquei com a impressão de que ele não foi com a minha cara.

domingo, 31 de outubro de 2010

Porque votei na Dilma

Descobri na semana passada, durante uma aula sobre Escolarização e Pobreza no mestrado, que quando criança era mais pobre do que imaginava ser. Um dos indicadores de pobreza daquela época era fazer parte da lista da caixa escolar, para receber especialmente livros e uniforme. Não tinha dimensão da situação familiar na época. Meus pais trabalhavam duro, mas não faltavam comida nem o velho ritual da compra de roupas no final do ano. Para mim era do jogo.

Quando me tornei adolescente a coisa complicou. Quis entrar para um time de vôlei juvenil, mas não tinha o par de tênis adequado. Ver a minha irmã fazer um crediário, em sei lá quantas vezes, doeu, incomodou. Graças a um bom senso tirado não sei de onde, nunca culpei meus pais. Via minha mãe acordar todos os dias às 6 da manhã, fazer a marmita e ir para o trabalho naquele trem apertado, apelidado de lata de sardinha. Enquanto isso, meu pai – que pesava em torno de 50 quilos – se espremia no 921 (Parada de Lucas – Bangu) para enfrentar uma rotina de 10, 12 horas num escritório em uma das várias fábricas de roupas em que trabalhou. Eu não me achava no direito de pedir um centavo sequer para comprar o par de tênis luxuoso e assim satisfazer o meu desejo de jogar voleibol. A saída foi trabalhar.

O primeiro emprego, aos 14 anos, foi numa loja de camisas de surfista numa galeria em Madureira. Depois, fui caixa em uma loja de borracha, auxiliar de escritório em uma grande marca de produtos esportivos (lugar de experiência traumática), auxiliar de departamento pessoal em uma fábrica de papel, secretária em uma empresa de andaimes, secretária em uma grande seguradora e, finalmente, vendedora de seguro. Durante todo esse tempo, eu alimentava um sonho: ser jornalista.. e de tevê. Gostava do Aqui em Agora exibido pelo SBT (sonhos, fazer o quê..) e, para isso, sabia que precisaria ingressar numa faculdade. Mas faculdade era sonho de rico e não foram poucas as vezes em que ouvi de amigos e até mesmo de familiares (não era maldade, era falta de conhecimento) que eu tinha mania de sonhar alto. Ir para tevê então? Ninguém ria, mas acho que ninguém acreditava.

Se tive que fazer o ensino médio particular porque não consegui vaga na rede pública, imagina a faculdade. Claro, a faculdade foi conquistada com o suor de um daqueles empregos lá de cima. Sim, foi particular. Ao longo desse período, conselhos mil eu ouvi: guardar o dinheiro da mensalidade e investir em um negócio próprio, fazer faculdade de secretariado porque era mais fácil de arrumar um emprego como secretária e por aí vai... Graças a uma professora de Língua Portuguesa que conheci na quinta série, eu não dei ouvidos a nenhum desses conselhos. Só lembrava de uma frase de incentivo dela, algo como “ você vai chegar muito longe, vai desenvolver algum trabalho em que vai falar pra muita gente”. Sim, ela era espírita, mas essa frase foi dita depois de eu escrever um trabalho de 4 ou 5 páginas sobre o teatrólogo Gil Vicente. Seu incentivo foi como uma mantra. Por frases como essa e por outros motivos que só a análise explica, nunca deixei que ninguém dissesse que eu não poderia chegar lá.

Mas afinal, o que tudo isso tem a ver com a votação de hoje? Porque durante muito tempo ouvi dizer que todas as minhas conquistas foram pela minha força de vontade, mérito pelo meu esforço. Sim, eu me esforcei, mas foram inúmeras as vezes em que tive vontade de desistir, de deixar pra lá esse negócio de querer “ser alguém na vida”. Nos dias em que os ônibus não paravam e eu chegava atrasada no trabalho, no dia em que fiquei na porta da escola sonhada para cursar o bom ensino médio e não consegui a vaga, no dia em que aquela empresa traumática que citei lá em cima me mandou embora por motivos não explicados. Mas eu sabia qual era. Depois de um bom desempenho no almoxarifado fui colocada no controle de estoque de peças com defeito e, para botar ordem na bagunça, decidi fazer uma limpeza, isso mesmo limpeza igual na casa da gente. Coloquei uma bermuda de lycra e uma camiseta e fui organizar as peças. Um gerente me viu com a bermuda de lycra e achou que fazia parte do estoque da própria empresa. Conclusão não dita, mas estampada nos olhos do gerente: pobre com roupa de rico só pode ser roubada. Como não tinha noção de direitos, não recorri a nada. Só chorei!

O choro não durou muito. Consegui outro emprego logo em seguida. Mas o fato é que tem gente que não consegue parar de chorar. Recuperar autoestima não é tão fácil como supõem os livros de auto-ajuda não. E é por essas e outras que a meritocracia não funciona. Esse negocio de quem se esforça chega lá é conversa de rico para a empregada doméstica continuar trabalhando como escrava. É preciso oferecer oportunidades reais para todos. E eu vi essas oportunidades existirem nos últimos 8 anos. Se algumas delas tivessem ao meu dispor durante a minha juventude, talvez ninguém fizesse cara de descrédito quando eu dizia que iria ser apresentadora de tevê.

PS.: esse desabafo não quer dizer que não há o que melhorar. Mas basta entrar numa universidade pública hoje e ver que muita coisa já mudou. A começar pela diversidade.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Voz da razão

De uma nova amiga da academia:
- Ih querida, só estou malhando meia hora por dia. É o que dá! Não vou pra passarela....

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sou blogueira e não desisto nunca!

Os meus nove seguidores devem ter notado que sumi. O ganha-pão tá puxado e além de tudo vi que o projeto rainha de bateria não ia sair do papel. Por isso, decidi entrar de cabeça no projeto "quero ser inteligente", mesmo sabendo que homem nenhum na face da terra dá bola pra isso. Você já ouviu algum sujeito dizendo "peraí que eu quero ouvir o que essa mulher tem a dizer"? Você pode ter o doutorado naquela universidade francesa do momento, mas só tem o selo de "tá podendo" quando está de bem com outra academia, a de ginástica. Bem, mudando de assunto, você que não desistiu do meu blog dever ter reparado que meus últimos posts giram em torno da idade. E é esse mesmo assunto que me faz voltar do universo paralelo em que estava para escrever de novo aqui. Hoje fui fazer a revisão de sempre no oftalmologista e descobri que fui agraciada com um pouquinho mais de miopia . O problema maior não foi esse, foi no momento em que o querido médico coloca aquelas letrinhas miudinhas bem de pertinho e pede pra você ler. Você bem que tenta, aperta os olhos daqui e dali, mas....nada. É nesse momento que você se dá conta de que o tempo passou! Sabe aqueles óculos de leitura? Bem, de um jeito ou de outro , eles chegam para todos.

sábado, 10 de abril de 2010

Marombeira

Os mais chegados sabem que tenho andado mais no mundo das ideias do que em terra firme. A ausência da vida real tem uma explicação: o mestrado. Achava que todo mundo que fazia mestrado mentia quando dizia que era barra pesada. Língua devidamente mordida, me pego faltando com os meus compromissos para o projeto Rainha de Bateria 2011. Para quem ainda não conhece o projeto, explico: esse negócio de querer ser inteligente dá muito trabalho, por isso, e depois de passar o carnaval em um camarote de uma cervejaria, decidi que ia rumo aos 40 com o mínimo de dignidade. Para encarar essa empreitada, precisaria, claro, virar marombeira. O fato é que não tenho conseguido baixar no mundo das popozudas e das barrigas de tanquinho e, com o intuito de me resgatar, a academia enviou para mim hoje um email perguntando, elegantemente, os motivos da minha ausência. Minha mente inquieta (com a devida licença da minha amiga Isabella Saes) pensou em outras versões para a mensagem:
1) Querida amiga, você tem faltado tanto e, por isso, estamos preocupados. Não sei se você sabe, mas se ficar gorda a gente não poderá fazer muita coisa por você. Não somos igreja e, portanto, não fazemos milagres.
2) Ei, sua preguiçosa. Acorda pra vida porque pagar a academia e faltar é jogar dinheiro fora. E isso não é inteligente.
3) Querida malhadora, você tem faltado tanto...o que houve? Talvez você não se lembre, mas os 40 vem aí...
E você? Qual seria a sua versão para a mensagem?

domingo, 14 de março de 2010

O peso dos 40

A mulherada que já chegou aos 40 sabe muito bem do que vou falar. Ora bate uma felicidadezinha por estar relativamente bem, ora bate um desespero por ter que correr atrás do prejuízo mais do que aos 25, quando comemos qualquer porcaria e queimamos no dia seguinte numa corridinha básica na academia. O problema é que aos 40 o metabolismo é mau feito o pica-pau. Vai embora sem deixar nem uma cartinha de despedida. Foi num momento de desespero desses que topei - sem refletir muito sobre meu ato - entrar numa aula de lamba-funk na minha academia (que aliás merece um post aqui qualquer dia desses). Pois bem, sem medo de ser feliz, me entreguei de corpo e alma ao som de nada mais nada menos do que Rebolation. Confesso que me diverti. Mas de repente a música muda e entra um batidão com a seguinte letra:
- Eêêêêê, baraaaaaaaaalho!'

Nesse momento concluí que a dieta não é tão ruim assim e saí de fininho.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Chile

Neste domingo fez exatamente um mês que voltei do Chile. Passei oito dias das minhas férias por lá e gostei bastante do país. Aliás, voltei falando para os amigos sobre a inveja que senti da noção de cidadania daquele povo. No sábado, fui surpreendida com a notícia de que a terra tremeu. Fico triste pelos mortos, claro, mas sinto também pelos belos lugares que visitei e que, quem sabe, podem não mais existir.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Os últimos paetês

Os mais chegados sabem que amo carnaval. Todos os anos, sempre compro uma fantasia, procuro os blocos mais descolados e bato ponto na Sapucaí. Esse não foi diferente, ou melhor, foi: peguei uma gripe uma semana antes da folia, que me deixou fazer tudo isso...só que na velocidade número um. Ou seja, tive que acompanhar tudo bem quietinha, o que me tornou uma observadora ainda mais atenta. Então, vamos aos meus pitacos sobre o carnaval de 2010:

* Blocos: os mais divertidos são mesmo o Sassaricando e o Me beija que eu sou cineasta. Em ambos, as pessoas se permitem fantasiar das coisas mais doidas. O clima fica legal e não fica só com aquela cara de carnaval-pra-pegação. E por falar nisso, tive uma bela surpresa: João Suplicy, com todo respeito a "cassetete". O moço canta bem e colore os olhos das solteiras e casadas.

* Mesmo sabendo que é bom para o Rio, tive saudades dos carnavais de dez anos atrás, tempo em que ainda conseguia encontrar amigos no Bola e dançar muito no meio da Rio Branco.

* Fantasias inventadas: tenho que admitir que são bem mais legais.

* Sapucaí: ir para camarotes de empresas é uma mordomia que ninguém gosta de abrir mão, mas aturar atores e atrizes fazendo cara de "importante"- e algumas vezes perdendo a linha - é muito chato. Dá vontade de dar o cartão do analista. Esse povo acredita que há cercadinhos também no além.

* Estrelato: num camarote desses, eu lavava as minhas mãos quando uma atriz-escândalo-sessentona entra e dispara "ai, que banheiro luxo", imediatamente uma puxa saco joga o confete: "luxo é você". Ainda bem que nesses camarotes não falta Engov no banheiro.

* Mundo real: a vantagem de ir a esses camarotes é descobrir que você é super-mega-normal. Vi atrizes lindas que, apertadas em seus shortinhos, tentavam disfarçar as velhas inimigas de todas as pobres mortais: as celulites. Não tem jeito, o mundo é suburbano.

* Falta de pegada: acho a atriz-modelo-apresentadora Fernanda Lima realmente linda, mas, definitivamente, a passarela que ela domina é a da moda. Na Sapucaí ela carece de dois importantes atributos: carne e samba no pé.

* Sub-estrelato: uma pseudo celebridade bem novinha me pergunta se o agrupamento que se formava para a entrada na van de um desses camarotes era uma "espécie de fila". Sua indagação já entregava o que ele iria fazer em seguida: furar a fila. Claro que ela, bonita e nova, não poderia ficar ali como todos os outros pobres mortais, não é mesmo?

* O próximo carnaval não vai ser igual a esse que passou. Pretendo brincar de verdade, com gente de verdade!




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cara ou coroa

Hoje fui a uma loja exercitar o consumo. Ao entrar, achei a atitude do vendedor meio suspeita, afinal ele me olhava mais do que o normal. Estranhei, mas segui em frente e perguntei quanto custava uma bolsa. A partir daí o diálogo foi o seguinte:
- Você é super parecida com uma cliente que vem sempre aqui.
- É mesmo, mas eu venho sempre. Aliás, compro sempre com você.
- Verdade? Nossa achei que você era a filha da senhora que vem sempre aqui!
- Meu Deus, eu era tão velha assim?
O silêncio disse tudo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Axé caro

De uma senhorinha - muito fofa - na missa de Santo Antônio de Categeró depois de dar um espirro bem alto durante uma convocação de um fiel para que a comunidade participe de um bloco tradicional da cidade:
- Deu alergia quando ouvi cinquenta reais!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Siri catado

Quer emagrecer rapidamente? Então, nada de seguir as dietas da moda das revistas femininas. Basta vir para Salvador e comer um prato típico chamado "Siri catado". Depois dessa experiência, você nunca mais vai querer emagrecer do mesmo jeito.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Costela no bafo 3

Nesta sexta-feira, 08/01, terminou o programa costela no bafo. Resultado: foram 3 centímetros perdidos nas regiões necessitadas. Entretanto, nenhum quilo foi exorcizado desse corpinho. Isso muito me preocupa. Sinal de que o metabolismo já não é mais o mesmo. Sinal também de que o pedido que fiz para papai noel no natal não deu certo: devolver o metabolismo dos 20 anos. Portato, vou denunciá-lo ao Procon. Quero meu metabolismo de volta!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Costela no bafo 2

O processo continua. Hoje, ainda quinta-feira dia 7, foi introduzido (sem trocadilhos, por favor) ao projeto verão mais uma etapa: a massagem modeladora. O nome já diz tudo. Aperta daqui, amassa dali...e tome bordodada. Isso mesmo, porrada geral. Me senti brincando de massinha, o problema é que eu era a massa. No meio do negócio deu uma vontade louca de perguntar para a massagista gente boa:

- Querida, se você apertar um pouco mais será que dá pra fazer o molde igualzinho ao da Juliana Paes?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Costela no bafo

Minha primeira resolução de ano novo foi me transformar em Juliana Paes. Isso mesmo, aquela pessoa sem coração que vai à praia sem medo e sem dó nenhuma das outras pobres mortais. Para tentar alcançar tal proeza, fui procurar ajuda numa clínica estética, não vou citar aqui o nome da instituição porque estou no meio do processo, vai que algo não vai bem (toc, toc, toc). A proposta é perder algumas medidas e, se Deus quiser, poder usar ainda no verão de 2010 um biquíni branco de lacinho. O programa estético começou ontem, foi o primeiro dia de uma saga que terá o seu fim na sexta-feira. Chego empolgada, afinal estou de férias e tudo o que preciso nesse início de ano é cuidar de mim.

Primeiro ato

A primeira etapa consiste em uma esteticista espalhar, com o auxílio de uma espátula, um produto com consistência de gel nas partes que, supostamente, vão ser exorcizadas desse corpinho porque, sinceramente, não me pertencem. Em seguida, a gentil moça - com sua espátula protetora - embrulhou essas mesmas partes com um filme de PVC, aquele mesmo usado pelas donas de casa para guardar sobras de comida. Foi desse momento em diante que a coisa desandou...me senti a costela servida no Cachambieer (para quem não conhece, é um bar no Cachambi), que antes de ir para a churrasqueira fica de véspera enrolada no plástico cheio de molho. Foram 30 minutos envolvida por plástico, fios e placas com o objetivo de queimar tudo! Igual às promoções das Casas Bahia.

Segundo ato

E vocês acham que a queima total parou ali? Nada disso. A segunda etapa tem mais queimação. Mais creme nas partes que não me pertecem, mais PVC e tome manta quente! Outros 30 minutos torrando até meus pensamentos, que naquele exato momento começaram a esquentar também: o que estou fazendo aqui? Por que fui me meter nisso nas férias, meu Deus?


Terceiro ato

Nessa última etapa do projeto verão eu tive a certeza de que a vida é dura com as mulheres. Sim, porque a gente sofre pra andar na areia da praia com alguma dignidade enquanto os homens desfilam suas barrigas de chope como se troféus fossem. Mas voltemos ao caso da queimada total. O último procedimento é ainda mais agradável: várias placas são ligadas a outros vários fios que te dão vários choquinhos para estimular o seu sistema linfático. Simples assim. Amarrada e levando choques foi difícil achar graça da brincadeira. E mais uma vez me perguntei: meu Deus, por que nós, mulheres, fazemos isso? E não me venham dizer que isso é coisa de mulher neurótica e submissa a ditadura da beleza não. Reparei bastante nas minhas companheiras de tortura e dei de cara com senhora de fino trato que seria capaz de desenvolver tese acadêmica sobre isso, mas estava lá igual a qualquer mortal querendo ser feliz com o espelho.


Na sexta-feira eu conto se a costela ficou com ou sem gordura!