quinta-feira, 10 de abril de 2008


Hoje fui surpreendida pelo choro doído de uma amiga de trabalho. Soluçando, mal conseguia explicar por que chorava. Ela chorava porque viu uma mãe com quatro filhos pedindo esmolas na esquina. Uma das crianças é uma menina que, pela forma como se locomove, já deve ter completado um ano, mas que tem aparência de uma criança de seis meses. Acho que não preciso explicar os motivos. Minha surpresa não foi por causa da história, tenho que admitir, mas sim pelo estado em que ficou minha amiga, realmente comovida por uma história que parece que nos acostumamos a conviver. Fui tomada por um profunda tristeza. Já passei por essa esquina inúmeras vezes, já vi essa família algumas vezes e agora percebo que não consegui me comover. Fui para casa sem conseguir parar de pensar numa pergunta: a quem interessa que percamos a nossa capacidade de indignacão? Certamente, não é aquela criança. Ainda bem que a minha amiga ainda não foi contaminada pela doença da apatia diante do caos.

ps.: ao pensar nessa história, esse quadro de Portinari não saía da minha cabeça. Para quem não conhece, chama-se "Retirantes".

Um comentário:

isabella saes disse...

Essa nossa atitude blasé diante de situações e cenas que deveriam nos causar repúdio, raiva e nos fazer reagir, me incomoda muito também, Bárbara. Onde vamos parar?