quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Atravessando a bateria


Desfilar no Grupo Especial é sempre uma experiência divertida e, quase sempre, curiosa. Muitas coisas acontecem desde a hora que você sai de casa fantasiada e o porteiro faz aquela cara de que tá doido para rolar de rir, mas tem que manter o respeito. Como todo entendido de carnaval sabe, ir para a avenida de carro é uma roubada. Por isso, sigo as orientações dos organizadores e pego o bom e eficiente metrô. Foi assim no domingo, quando seguia feliz e contente apoiar a verde-e-branco de Madureira. Vesti parte da fantasia para não passar perrengue e o resto (adornos mais pesados) deixei para colocar lá com a ajuda do pessoal da ala porque, afinal, eu não estava entendo o-que-se-encaixava-aonde. Cheguei na estação de Botafogo e já comecei a ficar apreensiva: estava lo-ta-da!!! Mesmo assim achei que ia ter um lugarzinho pra mim bem no cantinho para não estragar o esplendor. Me enganei redondamente. A composição vinha de Copacabana e todos os foliões recém-saídos da praia e de todos os blocos do bairro resolveram entrar nela. Assim como o pão sempre cai no chão com a parte da manteiga pra baixo, o sufoco comigo nunca é de leve. Entrei no primeiro vagão para não perder a hora da concentração e a partida já anunciava como seria a minha viagem até a Central do Brasil: o maquinista deu uma freada tão brusca que todo mundo - que não tinha onde se segurar, é claro - caiu em cima de todo mundo. Foi quando me dei conta de que bem ao meu lado tinha um senhor que não deve nunca ter ouvido aquela frase "beba com moderação", afinal balançava mais que coqueiro em vendaval. O sujeito ainda estava com o rosto todo ensanguentado, provavelmente de uma queda. Eu, querendo evitar que a minha bela fantasia de "servos do mar" fosse manchada de sangue, arrumei um lugar para criatura sentar e sabe o que obtive de resposta?

- Eu não tô bêbado!!! E não sou velho pra ficar sentado.

A mulher do bebum, completamente envergonhada, tentava estancar o sangue com uma canga e segurar o cana-brava para que ele não desse mais vexame. Mas, como o povo não perdoa, surge uma senhora e desanda a detonar o comportamento do beberrão:

- Quem não sabe beber é isso aí. Eu, por exemplo, sou trabalhadora, tenho 54 anos e hoje fui curtir a minha praia. Tomei as minhas cervejinhas e tô aqui. Amanhã de manhã eu tô de pé pra trabalhar.


E não satisfeita, completou:

- Que mulher é essa que aguenta um homem desses?


Sabia que essa viagem não ia dar em boa coisa. A escola em que eu desfilei caiu para o Grupo de Acesso. Começar com perrengue é terminar em perrengue. No próximo ano vou de táxi.

2 comentários:

isabella saes disse...

Querida amiga, eu enfrento isso aí todos os dias. Não há nada mais irritante do que um metrô lotado. É mole?! Beijos.

Bárbara Pereira disse...

Belíssima: vc é tão chic que não imagino vc num metrô lotado.

Beijão