Essa história rolou há algum tempo, quando fazia um curso de locução para comercial. Lembrei dela na semana passada durante uma sessão de análise. Não cabe aqui o contexto, mas dá pra dizer que vale muito a pena tentar refletir sobre a relação entre a voz e a personalidade.
Num dia de gravação no estúdio, o professor, o grande dublador Márcio Seixas, mestre dos bons com quem aprendi muito, resolveu fazer uma aula de dublagem para mostrar como era o processo e, também, para descontrair. Escolhe um desenho aqui , mexe em outro ali e.... pimba! O meu primeiro personagem foi Simba, do Rei Leão. Como ainda não havia aprendido a modular a voz, o pequeno leaozinho parecia estar passando por uma crise de identidade. Uma voz feminina com um timbre grave definitivamente não combinou com o felino.
Passemos, então, para outro: que tal a voz do Coringa, de Batman o filme, na primeiríssima versão com Jack Nicholson? Não preciso nem dizer que não deu certo. A cena escolhida tinha uma gargalhada forte e o máximo que consegui fazer foi deixar o pobre do Jack com uma gargalhada de pomba-gira rouca.
O desenho seguinte foi mais um desastre. A personagem era a Pocahontas e ela dizia algo muito meloso para o seu amado. Com a minha voz, Pocahontas, fofa toda vida, parecia ter entrado para o time da Ana Carolina.
Quando eu já estava quase desistindo da idéia de encaixar a minha linda voz em qualquer personagem de desenho infantil, surge a salvação: a madrasta da Cinderela.
- Cinderela! Vá imediatamente pegar uma xícara de chá para mim!
Depois dessa frase, descobri que nunca poderei ser princesa.
9 comentários:
Hahahahahaahha
Mas eu acho as madrastras muito mais interessantes. As princesas dos contos de fadas são chaaatas. Personagens que muita gente tenta imitar e não percebe que faz a vida ficar ainda mais desinteressante.
Um viva às bruxas!
Difícil deve ser dublar o Patolino. =)
Dublar é um exercício de absoluta humildade.Sempre achei.É uma profissão interessante e com certeza divertida.Concorda?
lnz
Caros,
obrigada pelos comentários e desculpem a demora. Vamos ao que interessa:
Kika: nós duas sabemos como são chatas as pessoas que falam como as princesas, não é mesmo?
Carlos: olha, o patolino eu nunca tentei não. Acho que não é a minha praia...rs
Paulo: vc é novo por aqui. Seja bem-vindo. Nunca parei para pensar na história do exercício da humildade, mas que é diversão é. Também tem tensão por causa da sincronia, mas eu me diverti bastante tentando encaixar minha voz nos personagens. Ainda farei o curso de dublagem completo e um dia conto aqui. Volte sempre!
Hahaha!!! Estava com saudade de "ler" vc. Realmente, vc tá muito mais pra madrasta má - no melhor sentido da palavra - do que pra princesa boazinha!!! Fiz tb um curso de dublagem e morria de rir com as minhas interpretações. Fiz a Woopy Goldberg em "Ghost". Pééééssssimo!!!! Tô mais pra Demi Moore... Beijos.
Belíssima,
Vc é uma mulher muuuuuito chic. Eu nunca seria a Demi Moore! Tô mais para Glen Close...rs
Beijão
Bárbara, vou na contramão do desfecho do teu post e dos outros comentários... Acho que o papel de Cinderela lhe cai muito bem na vida real, já que a princesa que vc encarna tem uma trajetória de ascensão, glamour (por que não?), generosidade e muita gana que, talvez, possa ter sido influência da própria madastra dessa história e que nos torna – todos nós – tão humanos! Bjs.
Oi Bárbara!
esse trabalho deve ser muito divertido mesmo!
e eu concorda com a Kika o que as princesas são chatas mesmo!
Quem deve fazer uma Cinderela boa e a Xuxa - tb chata demais! rsrsrs
Bjs
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