terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Caindo na real


Lá estava ela, toda-toda no seu terceiro dia de aula de remo. Sim, remo. Era o exercício do momento, com as costumeiras promessas de conquista de um corpo ideal. O curso era na Lagoa Rodrigo de Freitas, bela como sempre, suja como sempre também. Era verão e o sol estava como de costume nessa época: es-cal-dan-te. Pior ainda quando se faz atividade física ao ar livre às 10 da manhã. Voltemos ao terceiro dia: momento de superação de obstáculos. Ela tinha saído daquele tanque de treinamento constrangedor, lugar onde se rema, rema e não chega a lugar nenhum. Tinha chegado o momento de glória, a coroação pelo seu bom comportamento dentro daquela banheira. O prêmio era remar sozinha nas águas nada claras da Lagoa, sem mãozinha, sem rodinha, sem ninguém para pedir apoio na hora da queda. O começo foi meio cambaleante, assim como o primeiro dia de toda criança em cima de uma bicicleta. Mas, aos poucos, o remo foi sendo dominado e lá estava ela atravessando pra lá e pra cá a imensa Lagoa. O visual era incrível, a sensação de liberdade também. Depois de quase uma hora remando, ela já se achava quase uma profissional. Feliz e contente pela façanha, decidiu que aquele seria o esporte da sua vida. Isso até passar um ônibus com um sujeito com a cabeça pra fora da janela e gritar: "rema, rema filha da puta"! A "remadora por três dias" hoje caminha ao redor da Lagoa sem nem olhar para aquele canto.

2 comentários:

Ricardo Soares disse...

sem dúvida que a vida, o rio de janeiro, vai além de um filme de almodovar... gostei da definição...bj

Bárbara Pereira disse...

Eta visita inesperada!! Os suburbanos do mundo sempre se encontram... Valeu! bjs