sábado, 29 de agosto de 2009

Escritora suburbana














Tem gente aí que diz que eu poderia estar agora no 392 (Bangu-Praça Tiradentes) vendendo bala e fazendo aquele drama básico "pedindo uma colaboração". Assim como o Barack, eu venci... mas, como não dá pra se desgarrar assim das nossas raízes, o que vou fazer aqui é muito parecido: eu peço a colaboração de vocês para comparecerem ao lançamento da coletânea de contos de humor da qual euzinha faço parte. Comprem um exemplar e me ajudem a escrever o próximo conto: de Realengo para o Leblon pela seletiva, sem parador, nem baldeação na Tiradentes.



segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A vida tem dessas coisas

Posso contar nos dedos os dias em que não recebo uma ligação de telemarketing oferencendo uma conta nova num banco ou um cartão de crédito cheio de vantagens. Outro dia tive uma crise de risos por causa da proposta de um banco de clientes "chiquinhos": mandar um gerente conversar comigo no meu trabalho. Lembrei da frase de um amigo e mandei na lata:

- Querida, como diz um grande amigo, não tenho roupa para frequentar esse banco.

Provoquei gargalhadas em quem estava ao meu lado. Mas o que me inquieta mesmo é que quando eu pegava dois ônibus para chegar ao trabalho ninguém oferecia nada que prestasse. É por essas e outras que acredito no capitalismo bonzinho e me mantenho no mesmo banco que abriu uma conta quando eu ainda era estudante universitária. Eles acreditaram em mim!


ps.: antes que eu seja apedrejada pelos meus 11 leitores, isso é uma ironia.

domingo, 23 de agosto de 2009

A princesa que existe em mim

O tema já foi alvo de um post aqui. Nas minhas primeiras andanças pelo mundo da dublagem, descobri que com o meu timbre de voz dificilmente poderia ser princesa. Mas, ontem, uma reviravolta no caso: minha primeira aula de dublagem de verdade, antes só havia experimentado de brincadeira, mostrou que milagres podem ser operados. No desenho animado, a personagem era uma menina que usava um anel com um diamante que, na verdade, era um doce. Portanto, a voz tinha que ser fofinha....e foi. Depois de Betsy nunca mais serei a mesma. Agora é garantir um lugar ao sol num desenho de princesa e torturar a madrasta fazendo uma voz beeeemmm chatinha.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Lorena Bobbit

Festa de casamento, mulher, toda "trabalhada no brilho", comenta com o marido:

- Querido, olha aquela moça ali ao lado. Tão nova e tão gordinha, né?

- Querida, acho que você está olhando para o espelho!


Depois baixa o espírito da Lorena Bobbit na figura e ninguém entende o porquê.

sábado, 15 de agosto de 2009

Tesoura cega

Essa história já aconteceu há algum tempo, mas lembrei dela ontem ao ver que pela 59ª vez a TV Globo reprisava o filme "Elvira, a rainha das trevas". Costumo cortar as madeixas num salão ou, melhor, num hair stylist (porque salão é coisa de subúrbio) e um dia, pensando nas minhas economias, comentei com uma amiga que precisa arrumar um profissional mais barato. Ela, consultora de moda antenada, respondeu sem pestanejar:

- Querida, o mundo da moda está indo num cara ali de Botafogo. Ele é modernésimo, faz altos cortes e ainda cobra baratinho, 50 reais!

Me empolguei imediatamente. Dias depois, resolvi encarar o cabeleireiro dos sonhos: bom e barato. Feliz e contente por ser meu aniversário, segui rumo ao que toda mulher gosta em dia de aniversário: tirar o dia para ser princesa, porque a plebeia rola o ano inteiro. Chegando no Coiffeur, porque salão também não é, encontro um sujeito blasé, com uma blusa hering preta, um colete preto e um par de óculos redondo. Devia ter seguido minha intuição: aquilo não ia dar certo. Ele tinha cara de "conceito", com diz um amigo meu, o que, definitivamente, não combina com quem corta cabelos. Insisti. Sentei na cadeira e disse:

"pode manter o corte".

Foi o meu mal. Eu pensando que ele ia seguir o trabalho do hair stylist e ele pensando que ia fazer arte contemporânea na minha cabeça. Adivinha com quem fiquei parecida? Não adivinhou? Então volta para o começo do texto e guarda o nome da personagem do filme!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A hora das Balzacas

Feira do Humaitá nesta quarta-feira. Mulher aparentando uns 35 anos desfila seu derrière avantajado por entre legumes, verduras e frutas quando um dos feirantes - povo que não perde uma piada de duplo sentido - esganiça o pouco da voz que lhe restava naquele início de xepa:

- Ei querida, a Norminha não chega aos seus pés.


E viva o povo brasileiro!

domingo, 2 de agosto de 2009

Trilogia - terceira parte

Ao ouvir essa pérola do machismo brasileiro, continuo andando e tento atravessar a rua na faixa de pedestres. Dois argentinos jogam aqueles bastões pegando fogo, com o intuito de ganhar uns trocados. Não sei se tenho medo do fogo ou da gripe suína. Chego em casa. Vou beber água para que esses delírios possam ir embora.

Trilogia - segunda parte

Saio da loja e, depois de 4 chopes e uma dose de contreau, acho melhor ir pra casa. No caminho, reconheço as batinhas listradinhas e de bolinhas por cima dos micro-shorts. Vejo um velho saindo da farmácia que, de repente, faz um garotão parar também repentinamente. O velho fala alguma coisa ao ouvido do rapaz, que retira o fone do Ipod para poder escutar o que diz a voz da sabedoria. Eis o sobe-som (como se diz na televisão):

-Vi lá de longe.


Advinha sobre quem eles estão falando?

Trilogia - Primeira parte

Final de do domingo nas Lojas Americanas do Humaitá. Duas jovens bronzeadas, uma com uma batinha listradinha e outra com uma batinha roxa com bolinhas brancas, se divertem à procura de um DVD. Acompanhadas de um adolescente com cara de intelectual, elas debocham de tudo, da capa do dvd à capa das revistas. O jovem, a quem elas devem fazer de gato e sapato, escolhe um filme. Elas, se dó nem piedade, fazem piada da sua escolha:

- Olha só o filme que ele escolheu! Quem é Fellini?

Nessas horas, e só nessas horas, não tenho inveja da juventude e lembro das aulas inacabadas de catecismo: Senhor, elas não sabem o que dizem... literalmente!

sábado, 1 de agosto de 2009

Psicologia barata

Não sei se são os óculos ou o meu jeito de quem leva a vida a sério, só sei que de vez em quando pessoas conhecidas e outram nem tanto assim resolvem desabafar comigo repentinamente. Você tá assim meio distraída e numa fração de segundos o guardador de carros do estacionamento do seu trabalho resolve colocar pra fora as mágoas conjugais:

- minha mulher pediu para a gente morar em casas separadas, por isso não reclamo de ficar aqui até de madrugada.

O que fazer numa situação dessas? Olho pro chão e tento buscar lá no meio da minha mente atribulada algo que possa ajudá-lo:

- Morar em casas separadas é legal. Você não precisa dar satisfação numa sexta-feira à noite.


Freud não falava que tudo era sexo. Então? Ajudei ou não ajudei?