Minha primeira resolução de ano novo foi me transformar em Juliana Paes. Isso mesmo, aquela pessoa sem coração que vai à praia sem medo e sem dó nenhuma das outras pobres mortais. Para tentar alcançar tal proeza, fui procurar ajuda numa clínica estética, não vou citar aqui o nome da instituição porque estou no meio do processo, vai que algo não vai bem (toc, toc, toc). A proposta é perder algumas medidas e, se Deus quiser, poder usar ainda no verão de 2010 um biquíni branco de lacinho. O programa estético começou ontem, foi o primeiro dia de uma saga que terá o seu fim na sexta-feira. Chego empolgada, afinal estou de férias e tudo o que preciso nesse início de ano é cuidar de mim.
Primeiro ato
A primeira etapa consiste em uma esteticista espalhar, com o auxílio de uma espátula, um produto com consistência de gel nas partes que, supostamente, vão ser exorcizadas desse corpinho porque, sinceramente, não me pertencem. Em seguida, a gentil moça - com sua espátula protetora - embrulhou essas mesmas partes com um filme de PVC, aquele mesmo usado pelas donas de casa para guardar sobras de comida. Foi desse momento em diante que a coisa desandou...me senti a costela servida no Cachambieer (para quem não conhece, é um bar no Cachambi), que antes de ir para a churrasqueira fica de véspera enrolada no plástico cheio de molho. Foram 30 minutos envolvida por plástico, fios e placas com o objetivo de queimar tudo! Igual às promoções das Casas Bahia.
Segundo ato
E vocês acham que a queima total parou ali? Nada disso. A segunda etapa tem mais queimação. Mais creme nas partes que não me pertecem, mais PVC e tome manta quente! Outros 30 minutos torrando até meus pensamentos, que naquele exato momento começaram a esquentar também: o que estou fazendo aqui? Por que fui me meter nisso nas férias, meu Deus?
Terceiro ato
Nessa última etapa do projeto verão eu tive a certeza de que a vida é dura com as mulheres. Sim, porque a gente sofre pra andar na areia da praia com alguma dignidade enquanto os homens desfilam suas barrigas de chope como se troféus fossem. Mas voltemos ao caso da queimada total. O último procedimento é ainda mais agradável: várias placas são ligadas a outros vários fios que te dão vários choquinhos para estimular o seu sistema linfático. Simples assim. Amarrada e levando choques foi difícil achar graça da brincadeira. E mais uma vez me perguntei: meu Deus, por que nós, mulheres, fazemos isso? E não me venham dizer que isso é coisa de mulher neurótica e submissa a ditadura da beleza não. Reparei bastante nas minhas companheiras de tortura e dei de cara com senhora de fino trato que seria capaz de desenvolver tese acadêmica sobre isso, mas estava lá igual a qualquer mortal querendo ser feliz com o espelho.
Na sexta-feira eu conto se a costela ficou com ou sem gordura!