quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A voz e a personalidade

Essa história rolou há algum tempo, quando fazia um curso de locução para comercial. Lembrei dela na semana passada durante uma sessão de análise. Não cabe aqui o contexto, mas dá pra dizer que vale muito a pena tentar refletir sobre a relação entre a voz e a personalidade.

Num dia de gravação no estúdio, o professor, o grande dublador Márcio Seixas, mestre dos bons com quem aprendi muito, resolveu fazer uma aula de dublagem para mostrar como era o processo e, também, para descontrair. Escolhe um desenho aqui , mexe em outro ali e.... pimba! O meu primeiro personagem foi Simba, do Rei Leão. Como ainda não havia aprendido a modular a voz, o pequeno leaozinho parecia estar passando por uma crise de identidade. Uma voz feminina com um timbre grave definitivamente não combinou com o felino.
Passemos, então, para outro: que tal a voz do Coringa, de Batman o filme, na primeiríssima versão com Jack Nicholson? Não preciso nem dizer que não deu certo. A cena escolhida tinha uma gargalhada forte e o máximo que consegui fazer foi deixar o pobre do Jack com uma gargalhada de pomba-gira rouca.
O desenho seguinte foi mais um desastre. A personagem era a Pocahontas e ela dizia algo muito meloso para o seu amado. Com a minha voz, Pocahontas, fofa toda vida, parecia ter entrado para o time da Ana Carolina.
Quando eu já estava quase desistindo da idéia de encaixar a minha linda voz em qualquer personagem de desenho infantil, surge a salvação: a madrasta da Cinderela.

- Cinderela! Vá imediatamente pegar uma xícara de chá para mim!

Depois dessa frase, descobri que nunca poderei ser princesa.

sábado, 13 de setembro de 2008

Elas estão descontroladas

Cena presenciada em uma galeria comercial do Humaitá hoje à tarde. Menina, de aproximadamente 3 anos, corre enlouquecidamente em direção a um menino mais novo, com seus quase 2 anos, e dá um abraço mais apertado do que a calça da mulher melancia. Diante dessa demonstração de amor à primeira vista, o menino arregala os olhos para a mãe e faz uma cara de quem não está entendendo nada. Depois disso, ele corre em direção a uma bola que está na vitrine da loja ao lado.



Lição que o menino não vai aprender na creche: vai se acostumando meu filho porque nós somos assim mesmo, sensíveis e incompreensíveis!

Lição que a menina não vai aprender na creche: vai se acostumando minha filha porque eles são assim mesmo, insensíveis e previsíveis. O futebol vem em primeiro lugar.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Bolívia corta o gás do Brasil

Ontem fui ao jogo. Estava empolgada para conhecer o Engenhão, mais ainda por ser um jogo da seleção. Afinal, o último jogo do Brasil que pude acompanhar em um estádio foi nas eliminatórias da Copa de 94 no Maracanã. Brasil X Paraguai foi um jogão. Bons tempos aqueles em que podíamos contar com o Romário...
Marinheira de primeira viagem em partidas de futebol, eu, vascaína assumida, caí na arquibancada do arqui-rival. Foi duro ficar debaixo daquela bandeirona fedorenta e não poder fazer nada enquanto ouvia "ei bacalhau, ei bacalhau, pega no meu p... que eu te levo pra Portugal". Mas, voltando ao jogo de ontem, a empolgação começou a ir para as cucuias depois de percorrer três portões diferentes e ouvir informações desencontradas. Meia hora atrasada, consegui adentrar o gramado, ou melhor, o lugar ao qual o meu ingresso dava acesso. Já era o começo do segundo tempo. Busquei forças lá no fundo d'alma para retomar a empolgação, mas forças nada ocultas me fizeram perder o humor rapidamente: descobri que em jogos da FIFA é proibido consumir bebida alcóolica. Decidi fingir que tudo bem e fui beber uma Líber. Foi difícil acompanhar careta o que rolou naquele campo. Saldo da noite: depois de viajar de trem, andar feito uma louca e assistir aquele futebolzinho de quinta, cheguei a uma conclusão inimaginável: o Galvão nem é tão chato assim.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Terapia de casal

Briga de um casal - pais de uma amiga do trabalho - depois que a matriarca resolveu dar a cadela de estimação da família:

- Agora que dei a fulaninha tá na hora de cortar essa árvore do quintal porque dá muito trabalho para varrer essas folhas.

- Puxa vida. Não pode ter bicho, não pode ter árvore, não pode ter nada porque dá trabalho!

- Quer cuidar de bicho? Então cria um chato no seu c.....


Nota da redação: algumas mulheres sabem realmente como lidar com seus maridos.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Brega & Chic

Outro dia fui conversar com duas amigas, num bar obviamente, e surgiu o assunto: pessoas imprestáveis. Isso mesmo, gente que veio ao mundo só para ser desmancha prazeres, para não agregar nada ( finalmente achei um texto que pudesse usar essa expressão da moda no mundo do trabalho). Uma delas descreveu o perfil de uma dessas "pessoas imprestáveis" com quem ela tinha o dissabor de encontrar com freqüência no escritório. A figura tinha o hábito de comentar suas aquisições para o vestuário, o objetivo era jogar na cara da mulherada que ela comprava roupas de estilistas famosos. Até aí tudo bem, o problema era quando ela desancava o jeito de viver da grande maioria dos brasileiros: " comer empada e andar de van é totalmente brega". Pois, para mim, ela não sabe o que está perdendo... uma empada de camarão bem feita (geralmente daquela tia que guarda o segredo a sete chaves), acompanhada de uma cervejinha, vale muito mais do que qualquer salgadinho de queijo brie com damasco. Depois disso, fiquei pensando no que é ser realmente chique. Pra mim é...

...uma faxineira amiga minha que cria três filhos sozinhas e trabalha, em média, em duas casas diariamente. E com tudo isso está sempre de bom-humor.

... andar de ônibus lotado, trabalhar o dia inteiro, voltar para casa para cuidar da família e conseguir ser feliz.

... fazer compras em lojas de departamentos e pagar o carnê em dia.

... fazer churrasco de lingüiça e frango e convidar todo mundo.

...achar uma roupinha básica na C&A e se sentir a Gisele Bundchen.

... comer rabada, angu ou feijão branco com dobradinha.

... poder comer o que quiser, sem preconceito de classes.

... andar de van em tempos de lei seca. Aliás, ir ao samba com os amigos e poder beber todas.


E você? O que é chique na sua opinião?