quarta-feira, 26 de março de 2008

Agua que passarinho bebe


Motorista de táxi tem sempre uma história para contar... e quase sempre um conselho para dar ou uma observação a fazer...
Dia desses resolvi voltar para casa de táxi porque meu carro estava na oficina. Cansada, resolvi não dar muita bola para evitar que o trabalhador do volante se empolgasse e começasse a falar. A estratégia não foi boa. A conversa girou em torno do assunto do momento: a dengue. Eis que ele resolve se gabar e dizer que seria díficil a doença derrubá-lo, caso fosse infecctado, porque ele tem uma arma poderosa: ele bebe muuuiiiiitaaaa água! E tome de falar dos benefícios da branquinha. Resignada, decidi contribuir com o diálogo, acabei confessando que precisava adquirir esse hábito porque não bebia nem um litro d'àgua por dia. Foi aí que ele deu a sentença final:
- Moça, passarinho bebe mais água que a senhora!!!

Fiquei pensando o quanto eu poderia ter economizado com nutricionista se tivesse entrado naquele táxi alguns anos antes. O método de convencimento dele foi bastante eficaz. No dia seguinte comecei a ver o líquido com outros olhos.

domingo, 16 de março de 2008

Era uma vez uma praia


Hoje fiquei muito triste ao abrir o jornal e ver que a Baía de Sepetiba secou. A imagem, desoladora, lembra mais o chão do sertão. As águas daquela Baía fazem parte da minha infância, era na praia de Dona Luiza - rebatizada de praia do Recôncavo, segundo site do Governo do Estado - que eu costumava ser feliz nos verões quentes. Uma vez eu e minha prima Roseli resolvemos ir sozinhas à praia, nada demais se não tivéssemos 12 e 15 anos, respectivamente. Roseli era meio "avoadinha", termo da família, e eu um pouco mais séria, mas nada que impedisse de cometer as loucuras compatíveis com a idade. Como meus pais trabalhavam e eu ficava sozinha em casa com meus irmãos, que também não esquentavam o sofá, não havia barreiras. O cenário era perfeito. Não precisava mentir, apenas omitir: era só dizer que fui para a casa de amigos. Mas havia um detalhe muito importante: não tínhamos dinheiro e não poderíamos pedir para que não desconfiassem de nada. Juntamos alguns trocados e partimos assim, com a cara e com a coragem! Primeiro era preciso pegar um ônibus de Realengo até Campo Grande, um trajeto que durava em média 40 minutos. Chegando lá mais um ônibus até Sepetiba. Quase duas horas depois de termos saído de casa, lá estávamos, maravilhadas com o mar sem ondas da praia de Dona Luiza. Dava para mergulhar, pular e até fingir que sabíamos nadar... tudo com a mão encostando na areia, é claro. Como não tínhamos dinheiro, resolvemos levar o lanche preparado em casa: dois pães franceses, duas lingüiças e nada mais. Após quase quatro horas nessa farra, a fome, obviamente, começou a apertar. Era hora de voltar para casa. Na fila, à espera de mais um ônibus, Roseli começa a se sentir mal. Uma reação natural, resultante da combinação de muito sol, nenhum protetor solar e pouquíssima comida. Pega uma moeda daqui, outra dali.... e consegue-se o suficiente para comprar um picolé do China. O sabor escolhido foi o mini-saia: metade maracujá, metade uva. Eis que Roseli resolve dar outro destino ao picolé: a sua testa. Para mim um tamanho desperdício porque eu adorava aquela estranha mistura de sabores. Sentadas no último banco do coletivo, para aproveitar os sacolejos ao longo da viagem, tivemos uma crise de riso com a cena. Até hoje, quando raramente encontro Roseli, essas lembranças nos fazem dar muitas gargalhadas. Memórias que eu guardei aqui.

terça-feira, 11 de março de 2008

Hora da verdade II


Uma amiga passava perto de uma obra e ouviu a seguinte pérola de um trabalhador brasileiro:" a mulher pode até ser coroa, mas quando dá pra ser mulher....". A pergunta que não quer calar: era uma cantada ou uma ofensa? Homens, ô raça!!!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Hora da verdade

A gente se dá conta de que realmente envelheceu quando alguém bem mais novo diz: "você ainda bate um bolão". É hora de ir com mais freqüência para a academia e tentar fazer de tudo para a bola não murchar de vez. Em tempo: para quem não sabe, a expressão mais atual da "homarada" para uma mocinha bonita é: "que gata!"

terça-feira, 4 de março de 2008

Trote politicamente incorreto

Hoje, num sinal de trânsito do centro da cidade, me deparei com uma cena que me causou um profundo incômodo: três jovens, sem camisa, pintados em várias partes do corpo, jogavam bolinhas para tentar receber uns trocados e, assim, comemorar o fato de terem ingressado na universidade. Seria engaçado se não fosse patético. Não tenho nada contra se divertir por ter conseguido entrar para a faculdade. Sem dúvida, é, de fato, algo a se comemorar. Mas, é, no mínimo, de mau gosto ver alguma graça numa atividade realizada, em quase toda esquina do Rio de Janeiro, por garotos que fazem isso porque não têm o que comer. A brincadeira, na minha modesta opinião, deveria ser objeto de debate no primeiro dia de aula na universidade.