sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Suburbanices - primeira edição

Uma amiga, ex-moradora do bairro de Campo Grande, localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi à uma festa no Leblon, num apartamento de frente para a Rua Visconde de Albuquerque. Lá pelas tantas, depois de uma bebida e outra, ela resolve ficar quietinha e contemplar a paisagem encostada na janela. Depois de alguns minutos de observação, ela é abordada pela anfitriã (sim, porque rico é anfitrião, jamais dono ou dona da casa), preocupada com o distanciamento da sua convidada. Ao ser questionada do motivo de estar tão compenetrada, a jovem diz que está observando o valão que corta a rua. Pronto, estava armado o flagrante da suburbanice. Valão??? Onde tem valão na Zona Sul? Daquele dia em diante ela passou a entender que lá, definitivamente, não é como cá: a denominacão correta do local por onde percorrem esgoto doméstico, lixo e outras porcarias por essas bandas é canal.

Suburbanices

Com o fim do blog suburbiatales, nós, suburbanos espalhados pelo mundo, ficamos órfãos e sem registro do nosso modo de vida. Não pretendo rever aqui os clássicos do blog, como a descrição do dia de são Cosme e são Damião, por exemplo, mas gostaria de contar outras histórias, relembrar outras suburbanices que vivi e que ainda vivo. Afinal, dizem que a gente sai do subúrbio, mas que o subúrbio nunca, nunca mais larga a gente. Então, este é mais um tema que vai rolar de vez em quando por aqui: as suburbanices.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Amigos

O que pensar quando no dia do seu aniversário as três primeiras ligações para o seu celular são de felicitações do pessoal dos negócios? Explico: a primeira ligação foi de uma loja de roupas, a segunda também e a terceira, na verdade um torpedo, foi da operadora do celular. Como boa suburbana, fiquei feliz em ter descontos nas lojas que ligaram, afinal a gente não larga uma promoção. Já no caso da operadora de celular me bateu uma revolta: como assim uma empresa de telefonia, que é puro marketing, liga antes dos amigos? Como diria minha amiga Naila Oliveira: "Com que objetivo?". Continuar com uma cliente faladeira e que gasta muito que nem eu, claro. Depois da revolta veio a paranóia: meu prestígio com os amigos anda baixo...até passar do meio-dia e descobrir que todos são iguais a mim: não se dão lá muito bem com as manhãs. À tarde meu telefone não parou mais.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Os sem poesia

O Humaitá é um bairro carioca que fica entre Botafogo e o Jardim Botânico. Embora seja um bairro de passagem, tem lá os seus encantos: é perto da Lagoa, tem ruas residenciais arborizadas e vista para o Cristo, além da Cobal. Aliás, esse é o meu lugar preferido, lá encontro tudo o que preciso: frutas, legumes, chopp, loja de vinhos (com bons espumantes que, obviamente, são artigos essenciais na geladeira da mulher moderna), flores e roupas. Mas alguma coisa estranha acontece com os trabalhadores do comércio local: é um mau humor de fazer francês ficar ruborizado. Não sei se tem a ver com a água ou com o contra-cheque, só sei que eles quebram todas as regras do bom atendimento. Um sorriso por essas bandas é mais raro do que talão de estacionamento do vaga certa. Minha experiência com o tema - e não é pouca, admito - me diz que o donos de estabelecimento precisam de um consultoria urgente no ramo, com direito a workshop (ou oficinas, como preferem os defensores da língua) em que o pessoal possa beijar pedra e abraçar árvore, sem medo de ser feliz.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Feliz ano novo!

"Pede para sair 07!!! Agora é a vez do 08".

Em tempo: esse deveria ser o último post de ontem, mas confesso que ele só surgiu depois que os fogos estouraram e que as bolhas do champanhe começaram a borbulhar na minha cabeça também. Ah, e eu não tinha lido o Kibeloco (antes que alguém me acuse de ser Elza Truqueira!!!).

Fala serio!

Todos os anos, assim como milhares de cariocas, chova ou faça sol, dou o meu tradicional mergulho no mar no último dia do ano, o ritual inclui também a entrega das palmas para a rainha do mar. Ontem não foi diferente: lá estava eu em Ipanema feliz e contente porque, depois de muitos anos, tinha achado belas palmas brancas e amarelas. Fui recebida na areia com um raivoso protesto de uma mocinha (leia-se patricinha). Ao me ver com as flores nas mãos, ela esbravejou para o coqueirão inteiro ouvir: "Que saco! Não agüento esse pessoal que vem sujar a praia", reclamou a moçoila. Sinceramente, não entendi nada! Como diz um amigo meu, ela não devia estar "pura". Rio de Janeiro, dia 31 de dezembro, faltando poucas horas para o ano novo e a figura não quer dar de cara com oferendas no mar??? Na linguagem posto nove: "Caraca, mané. A mina é mó viagem".